Desenvolvimento Mediúnico
Há médiuns trabalhando determinado tempo na seara umbandista que, por desconhecimento do processo mediúnico, são descrentes da própria faculdade de se comunicarem com os espíritos, muito embora sintam “algo estranho”, alegando não terem certeza de que estão realmente “tomados” pelo guia ou orixá (orixá aqui no sentido protetor) ou se são vitimas de puro animismo. Animismo, significa, em termos mais originais manifestações da alma. Julgam sejam eles próprios, “os cavalos” agindo em lugar do protetor. Não crêem, porque em certos casos, ou em quase todos, recordam-se do que se passa durante o transe. Explicando melhor, o médium desconfia não haver entidade alguma atuando nele, não obstante proceda de modo estranho, sem que saiba explicar o motivo. Aliás, caso corriqueiro tanto na Umbanda, Candomblé, como no Cadercismo.
Tal preocupação se justifica, porque muitos pais de santo não informam o que acontece frequentemente no desenvolvimento, pois, embora também tenham passado por essa fase de dúvidas, estão esquecidos do que lhes sucedeu quando treinavam a mediunidade, isto é, quando se desenvolviam, havendo, logicamente, raras exceções.
Em princípio, quando o candidato a médium necessita desenvolvimento e é colocado na corrente, a entidade – caboclo, preto-velho, marinheiro, erê, etc – vai desenvolvendo-o com seus fluidos, procurando entrosar-se com o duplo etérico do aluno para, posteriormente, influenciar lhe a rede nervosa cerebral, processo geralmente lento, metódico, mas perceptível, até a completa e perfeita incorporação. No início, regra geral, o médium observa certos movimentos, influências e impulsos contrários ao próprio comportamento normal, mas de maneira um tanto superficial. A razão disso é misturarem-se os pensamentos do guia com os do “cavalo” inclusive mesclando-se também as ações, temperamento, inclinações, conduta, gostos, trejeitos, etc.
O candidato se torna então médium ainda consciente do que faz. À medida que a incorporação vai-se ajustando, aperfeiçoando, o médium também vai, pouco a pouco, perdendo a consciência, passando a semi-inconsciente e, daí, ao fim de algum tempo mais ou menos longo, para condição de inconsciente ou sonambúlico.
Por isso, as vezes, o próprio médium julga estar mistificando. Enfraquecer-lhe a fé, a confiança e, descrente, por ignorar o processo medianímico, frustra-se, desanimado, chegando mesmo a afastar-se do terreiro, perdendo a Umbanda um excelente médium que, futuramente, poderia prestar relevantes serviços aos irmãos infelizes e necessitados.
Raras vezes, no começo, o médium se deixa incorporar corretamente pelo guia, permanecendo inconsciente. Se, ao contrário, isso ocorrer, é porque a mediunidade se desenvolveu despercebida e automaticamente abafada, porém por um motivo qualquer: seja medo descrença, ignorância, desleixo, negligência, preocupações matérias que o manteve afastados de centros, falta de tempo, ou proibição proveniente de tradições religiosas. Como os guias não descuidam de seus tutelados, preparam–no de modo que a própria pessoa não percebe o processo mediúnico, embora lhe ocorram fatos dolorosos e insólitos, que o impulsionam em busca de frutificação espiritual. Então sua mediunidade amadurece espontaneamente. Se resolve enfrentar a realidade, eis que a incorporação explode imediatamente. Mas, casos que, confrontados com os normais, são considerados raros. Conhecemos pessoas que receberam seus guias na cama dormindo!...No dia seguinte acordaram médiuns desenvolvidos e já atuante.
Na verdade, quando o sujeito se submete ao processo mediúnico, no inicio e mesmo muito tempo depois, ele é ainda consciente, sabendo o que faz, malgrado o faça – conforme percebe – contra sua vontade, pelo simples fato de misturar suas ideias as do guia. Como se vê, esta é uma das explicações, porque em certas ocasiões, as previsões, os conselhos, os remédios ministrados pelo guias não alcançam a eficácia desejada. Eis que, o “cavalo”, não sabendo discernir o pensamento alheio em mistura com o seu próprio, pode dar a sua sugestão, em lugar de oferecer a do protetor. À medida que o tempo decorre, vai ele se familiarizando com a intuição estranha e perdendo gradualmente a consciência. É claro que existe paralelamente, o médium consciente. Mas este com o tempo aprende a diferenciar as idéias.
Se isso ocorrer com você, não se assuste, não desanime, nem duvide da presença do protetor. Ambos, você e ele estão trabalhando, e o seu anjo da guarda saberá conduzi-lo de modo a que se torne um perfeito intérprete das lições do mundo astral.
Texto retirado do livro:
Conheça a Umbanda Autor: J. Edison Orphanake
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